quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Passarinho

Era um chão, um chão firme. Naquele chão ela tinha segurança, ela não tinha medo. Sabia que um dia perderia a firmeza que aquele chão tinha, mas sempre acreditou que teria tempo para aprender a bater suas asinhas e voar. Por isso, no dia em que lhe tiraram tal segurança, ela não sabia o que fazer, ficou olhando em volta, esperando uma ajuda, mas ninguém poderia ajudar.
Dessa vez ela sabia que teria que ser forte, já não era mais questão de orgulho, e sim de amor prórprio, de auto valorização. É claro que em uma hora dessas ela iria justamente correr pra perto do chão, mas ela já não estava lá e ela já não o queria ali.
Está na hora de aprender a voar, mesmo que seja assim, de repente, mesmo que ela tenha que sair por aí voando com as próprias asas, sem saber pra onde ir, sem saber onde quer chegar e como chegar e mesmo assim ela um dia chegará e entenderá tudo o que hoje ela não pode explicar, tudo que tira o sono dela, saberá que ela pode ser forte sem o chão.
O chão se foi e não voltará, mas agora ela tem o céu, tem uma imensidão pela frente, e agora é tempo de se jogar no céu e deixar o chão para trás. Lá encontrará pássaros de todas as cores, uns de cores mais vivas, outros  de cores nem tão reluzentes, mas não menos importantes. Mas ela continuará procurando um pássaro sem cor, pra que ela mesma possa pintá-lo e quando for escolher a cor, algo lá no fundo pedirá que seja verde.

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