quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O dia em que acordei revoltada

Tive meu primeiro celular aos 14 anos, e ele não era nada sofisticado, era um motorola com a tela azul e ele tinha até antena, eu o usava somente pra atender ligações dos meus pais, eles que colocavam créditos, e no começo, eu não podia nem levar pra escola. Tive meu primeiro namorado, também, aos 14 anos e ele teve que  pedir aos meus pais pra namorar comigo e a gente namorava em casa, no sofá, com meu pai sentado ao lado. Tive um único vídeo-game, meu SNES, que está aqui até hoje, sobrevivendo ao tempo. Eu não tinha internet banda larga, a conexão era discada e eu tinha que esperar o sábado e depois das 14h pra poder usar a vontade, eu conversava com meus amigos muito mais pessoalmente, tinha hora pra usar internet. Naquele tempo, não existia iphone, ipad, itouch, ipod, imimimi. Pra eu conseguir ouvir uma música, ou eu esperava ela tocar no rádio (e quando tocava, corria pra gravar em fita), ou eu comprava o CD pra ouvir em casa. Eu não ganhava mesada, não andava maquiada, não usava salto 15 e nem transava. Sou do tempo que a gente respeitava os professores e os pais, daquela época em que educação vinha de casa e na escola a gente aprendia outras coisas. Eu era chamada de nariguda na escola, e não era pouco, já chorei, mas nunca precisei de um psicólogo pra me dizer que eu sofria bullying, e nem sou traumatizada por causa disso, sou muito segura de mim mesma. Quando eu tirava nota alta, eu não ganhava dinheiro, viagens, nem recompensa nenhuma, mas quando tirava nota baixa, maluco, aí o bicho pegava. Nunca usei roupas de marcas, aqui sempre foi assim, se eu tenho dinheiro pra te dar eu te dou, se eu não tenho, aprenda a conviver com o não, a vida é assim, cheia de "nãos". Merthiolate ardia!
E aí, começo a observar essa geração que estamos criando. Falamos sobre seus gostos musicais, que realmente são péssimos, mas isso é só um detalhe. Estamos criando uma geração de garotas que não se valorizam, ou ainda, valorizam coisas sem importância, é uma geração que acha normal sair por aí beijando todos os caras, e usar micro saias, e decotes, e usar a maquiagem mais carregada do mundo, e quanto aos estudos, esses já ficaram pra trás há tempos. Uma geração de "tchutchucas". Quantos aos meninos, estamos criando um exército de garotos bombados, com futuros carros com som alto, óculos e tênis da Oakley, mas sem nada na cabeça. Eu lamento muito ver a sociedade como está hoje, ando não me esquecendo de tomar meu remédio, a última coisa que quero é colocar uma criança nesse mundo doente.
Talvez, alguns achem a criação que meus pais me deram um tanto rígida, mas, foi graças à ela, e a de tantas pessoas da minha idade que sei que concordam comigo, que eu me tornei a mulher que eu sou e sou muiro grata por isso.

2 comentários:

  1. adoreiiii....parabéns amiga escritora!

    ResponderExcluir
  2. Procurei dar o melhor de mim...ou que achei que seria, o que consegui deixar, garanto ninguém vai tirar.. é só seu!!!! bjs te amo..

    ResponderExcluir