sábado, 5 de dezembro de 2009

Brincando de gente grande

Ela descobriu há pouco tempo que não era mais menina, que nossas responsabilidades chegam na hora em que a gente menos espera, mas certamente na hora em que mais precisamos. Quando teve que ser a mulher da casa, teve vontade de chorar muitas vezes, mas se segurou, não podia deixar transparecer seu medo da situação, tinha que ser forte e mostrar que podia superar tudo aquilo. Às vezes parecia que não ia conseguir, sentia as pernas fraquejando e a mão tremer, mas foi seguindo e se esforçando. Perdeu a calma muitas vezes. Gritou, fingiu que não ouvia o que estavam falando, fingiu estar bem. Estava péssima, viu muita gente desabar diante dela, ofereceu seu ombro para as pessoas chorarem, mas segurou seu próprio choro, não deixou que ninguém percebesse que estava a ponto de explodir.
Quando o peito já doía de tanta vontade de desabar, o telefone tocou trazendo boas notícias. Tudo que não tinha chorado em 2 ou 3 meses, chorou naquele momento, tudo que não podia colocar pra fora, colocou naquele momento. Um peso saiu de suas costas, ela já podia respirar aliviada. Se deu conta então, que nesses 2 ou 3 meses aprendeu a ser mais adulta, aprendeu quanto vale uma gotinha de suor, quanto vale um minuto de trabalho e como deve agradecer por ter um trabalho. Brincando de gente grande, ela aprendeu que  a menina se foi, mas mora dentro dela, e que nas horas mais difíceis, a menina e a mulher se unem, em uma só. Do contrário ela estaria pela metade.

2 comentários:

  1. Oi Ju!! Nossa, vc se supera a cada texto! Parabéns linda!!
    Tudo de bom pra vc!!!
    Saudade!
    Beijocas da Mel =]

    ResponderExcluir